quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Texto: Deixar de conceber o aluno indisciplinado como problema

Deixar de conceber o aluno indisciplinado como problema

Segundo SILVA (2010), alguns educadores já ouviram ou até mesmo devem ter pronunciado que determinado aluno indisciplinado “é muito inteligente”, por esta razão sempre é o primeiro a terminar as atividades propostas. Esse tipo de aluno acaba ficando sem fazer nada, por longo tempo, perturbando os outros, sai da sua cadeira todo momento procurando tirar a concentração dos colegas em momentos de distração do professor.
 Contudo, seguindo a linha de raciocínio de que localizar o problema na educação e no amadurecimento dos alunos é, na concepção de SILVA (2010), considerado é equivocado. É claro que temos plena consciência da dificuldade enfrentada na sala de aula com turmas algumas vezes com mais de 40 alunos por sala de aula, em ambientes muitas vezes precários. Todavia, quando os professores se utilizam das tais justificativas, não levam em conta que o problema está, justamente, na politica educacional orientadora e não no fato determinado de o aluno ser mais ou menos rápido na consecução das atividades.
Além disso, outro ponto que influencia na produção da indisciplina é o relacionado ao fator de que os conteúdos ministrados estão aquém ou além da capacidade dos aprendizes. Isso nos revela a outro engano: o de que o aluno deve ir ao encontro do educador- ideia central da pedagogia tradicional. Criança ou adolescente não devem ir a encontro da escola e, nem muito menos, das expectativas dos professores. Mas isso não implica dizer que o professor fique subordinado ao aluno. Pois se seguirem esse caminho, não estarão contribuindo para o desenvolvimento de si e dos discentes.
Vale destacar que o papel da escola é estar preparada para receber o aluno e não o contrário.  Apesar de todas as pressões, as crianças e os adolescentes não podem e nem devem ser responsabilizados pela indisciplina. O problema não está neles e muito menos é deles. Com isso, deve voltar-se para a política educacional, pois ela considera a   realidade partindo, assim, de um modelo perfeito de crianças e alunos.
Enfim, é importante deixar de achar que o aluno indisciplinado, violento, com dificuldades de concentração, é um problema. A superação de tais pontos passa pela compreensão de que, mais do que problemas no processo ensino/ aprendizagem, eles são indicadores de como está ocorrendo a dinâmica escolar formal e, muitas vezes, tornando-se instrumentos de solução. Contudo, seria melhor pensar em mudar a maneira como o professor amiúde vê o aluno, considerando este muito ou pouco inteligente e “imaturo” ou excessivamente “maduro”.     

Referência

LA TAILLE, Yves de; SILVA, Nelson Pedro; JUSTO, José Sterza. Indisciplina/Disciplina: ética, moral e ação do professor. Porto Alegre: Mediação, 2010.



segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Vídeo sobre a violência e a indisciplina escolar

Programa exibido em 7 de dezembro de 2010, pela tv Globo no programa "Profissão Repórter - Alunos e professores enfrentam dificuldades em salas de aula."

Os repórteres Caroline Kleinübing e Caio Cavechini percorrem uma escola pública do Rio de Janeiro na qual três professoras pediram licença médica. Motivo alegado por elas: medo e depressão causados pela agressividade e pelo desinteresse dos alunos.
Em Florianópolis, nosso convidado, o repórter Manoel Soares, da RBS, visita um colégio que fechou as portas depois que a diretora foi atacada com ovos e pedradas por um estudante. Salas vazias, pedaços de pau e placas de vidro apreendidos por seguranças...
Em contraste Caco Barcellos percorre escolas do Capão Redondo, periferia de São Paulo, e encontra muitos trabalhadores na sala de aula. Gente que luta para recuperar o tempo perdido e concilia trabalho e estudos em rotinas estafantes.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

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Escola no epicentro da crise social

Escola no epicentro da crise social
 A escola instituição educacional moderna tem como tarefa a socialização e organização social, a partir do ensinamento dos conhecimentos e valores básicos da cultura. Ademais, é uma instituição a serviço do capitalismo, assim como as outras instituições modernas, hospitais, fábricas, prisões, ambas com o mesmo princípio de organização da sociedade, com a função de disciplinar os corpos, modelar mentes para as demandas do capitalismo.
     Atualmente, a escola que antes se resumia a imposição de normas rígidas de conduta e a exigência de obediência como condição fundamental da educação, vive uma grande frustração e fracasso, esta que antes vigorava o internato, a disciplina e a obediência, nos dias atuais não consegue produzir nem para consumo próprio, está de mãos atadas, já que deveria ser exemplo da construção de um mundo melhor, em que o autoritarismo e a violência não teria vez.
    No contexto da contemporaneidade, marcado por profundas transformações das instituições sociais e da subjetividade, é importante ressaltar o ambiente escolar que continua sendo imprescindível na formação intelectual e transmissão formal dos legados da cultura e é tida como remédio para quase todos os males. Ademais, vale ressaltar que a situação da criança fora da escola é vista como mais grave do que fora da família, já que a expansão da violência doméstica colocou a família com lugar de risco e sob suspeição quanto à sua capacidade de cuidar e educar a criança. Assim, a escola apesar de toda instabilidade e falta de recursos continua sendo respeitada, valorizada e reconhecida como instrumento para o desenvolvimento do indivíduo e formação do sujeito, da construção da cidadania, do desenvolvimento e da expansão da economia.
    Contudo, a escola como instituição disciplinar, possui papel de grande importância, uma vez que está atrelada a ciência e à racionalidade técnica, tendo papel não só de educar e disciplinar, como também de cuidar do desenvolvimento da criança e do adolescente no plano cognitivo, emocional, afetivo e todos que estiverem atreladas para a formação do sujeito. Assim sendo, para atingir esses objetivos é importante que a escola mantenha vínculos estreitos com a família e com a comunidade, centrando a figura do professor como ideal do ego e representante da lei, já que a escola continua sendo instada a zelar pela disciplina.


sábado, 23 de fevereiro de 2013

Violência X agressividade no âmbito escolar

Fonte: sandrarandrade7.blogspot.com
Violência X agressividade no âmbito escolar
     Atualmente notamos que as mídias denunciam insistentemente sobre atos de violência nas escolas, ora violência contra professores, ora violência entre alunos, que cometem infrações que se caracterizam por agressões verbais, físicas, pichações, bullings etc.
    Podemos citar, ainda, um exemplo do caso que aconteceu no Rio de Janeiro, em que um indivíduo entrou em uma comunidade escolar e matou treze alunos a fim de justificar uma crença inexplicável, segundo documento deixado pelo mesmo e divulgado. Perante essa situação assustadora, as pesquisas sobre a violência na escola procuram denominações e conceitos que explicam o bullying, ou ainda, a agressão desmedida que nos leva a perceber que os alunos estão cada vez mais “violentos” nas escolas, sendo levados por diversos fatores, dentre eles, na maioria das vezes, devido à falta de conscientização no próprio âmbito familiar.
     Considerando que a violência dos alunos dentro e fora das escolas, é um reflexo do que vivem no dia a dia, na rua, dentro de casa, onde se pode constatar que muitos casos de agressão na escola se originam da violência doméstica, ou seja, violência de pais para com os filhos, e até mesmo entre os próprios pais, haja vista que eles servem de espelho, pois têm uma grande parcela na educação de seus filhos, é com ela que as crianças convivem e aprendem. No entanto, muitas vezes esse processo não se dá de forma correta, e os educandos acabam repetindo as mesmas frustrações e opressões que sofreram em casa com os colegas em sala de aula, e com professores.
     Evidenciamos a violência como uso arbitrário da força sobre outrem, como imposição da força de um sobre o outro,  seja ela com o uso de qualquer instrumento de poder, pela força física, coação psicológica ou qualquer outro tipo de submissão que produza desigualdade, inferioridade e/ou impotência. Sendo assim, a partir de uma visão psicanalítica, podemos abordar a violência inter-relacionando com a agressividade.
     Freud (1925,1998), postulou a presença de duas forças básicas, a pulsão da vida e da morte. Podemos entender  a primeira relacionando-a com a sexualidade na acepção psicanalítica, ou seja, é uma força que se expressa como atração pelo outro, com intuito de abolir a separação entre pessoas e, sobretudo, pela vivência da presença do Outro como algo prazeroso. Ao lado da pulsão de vida, Freud postulou também, como algo inalienável do indivíduo, a existência da pulsão de morte ligado ao seu derivativo mais comum, a agressividade. Ao contrário da pulsão de vida, tem essencialmente como objetivo  a desintegração, a disjunção, a fragmentação e a desunião, que abrange desde a mais leve ofensa até a extrema e total destruição da coisa visada. Em outras palavras, essas duas forças opostas constituem a base psíquica, atuando em sentidos contrários.
     Apesar de soar como algo estranho, a agressividade é um recurso precioso do ser humano, seja para atacar ou se defender. Portanto, agressividade não é sinônimo de violência, embora, possa gerar a violência. Às vezes um indivíduo é agressivo porque precisa de atrevimento para executar uma ação qualquer. Um exemplo básico seria um garoto que sofre bullying o tempo todo na escola por qualquer razão que seja, em um determinado momento ele poderá se tornar agressivo e, por razões óbvias, poderá ser agressivo em suas ações de resposta, porém, necessariamente não será um aluno violento, que causará danos ao patrimônio e nem dano físico ao próximo que divide o ambiente escolar com ele.
      Dessa forma, vários são os tipos de agressividade, desde a agressividade contra o patrimônio da escola (carteiras, janelas, lousas, paredes, aparelhos eletrônicos etc), bem como violência doméstica social, psicológica, até mesmo violência física, propriamente dita. Ademais, a agressividade pode ser compreendida como uma forma de o indivíduo se defender, mas que no entanto precisa ser orientado pelos pais desde os primeiros anos para não ser algo que venha a trazer efeitos negativos para o seu desenvolvimento.
Referências
A violência e agressividade na escola. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd159/a-violencia-e-agressividade-na-escola.htm, acessado em: 23/02/2013, às 08h25min.
Freud (1925,1998).

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Filme: Cuida Bem de Mim


Texto: O que é mesmo indisciplina? E alguns questionamentos...

A indisciplina é conceituada por SILVA (2010) como qualquer ação que não está de acordo com as regras impostas ou criadas pela coletividade. O sujeito que executa a indisciplina pode ou não ter consciência da transgressão da(s) lei(s).
Ainda de acordo com SILVA, há um dado que merece ser refletido: pesquisas recentes indicam que, na maioria dos casos, o aluno indisciplinado é justamente aquele que possui maior inteligência, curiosidade e esperteza. Desse modo, parece contraditório esses mesmos alunos serem encaminhados pelos seus respectivos professores a psicólogos, tratamentos neurológicos e tantos outros cuidados médicos.
E o mais preocupante, parece que há um aumento cada vez maior de diagnósticos desse tipo e de uma quase generalização de que toda criança indisciplinada é hiperativa. Nem sempre a indisciplina está diretamente associada a patologias. E para um maior aprofundamento nesse tema, indicamos a leitura do artigo “Fracasso escolar e a patologização da alfabetização” que questiona exatamente esse crescimento no número de diagnósticos de doenças nas crianças ou se são apenas esquecidas pelo alfabetizador...
Noutro caminho, mas em continuação à nossa proposta inicial, toda ação de indisciplina sempre envolve uma ação violenta “pois, ao agir de maneira indisciplinada, sempre se estará violentando algo, seja ele legítimo ou não. Entretanto, nem toda ação violenta pode ser compreendida como de indisciplina”. (SILVA, 2010, p.61).
Assim, ainda de acordo com o referido autor, podemos concluir que:
·         A indisciplina é sempre indisciplina, seja ela uma transgressão às regras impostas ou elaboradas pela coletividade;
·         Nem sempre o ato violento é indisciplina;
·         Em alguns casos, a indisciplina é ética, como por exemplo, quando um comandante manda um militar matar pessoas, o soldado está cometendo uma atitude ética, apesar de imoral;
·         A violência é antiética mesmo quando é moral.
São apresentadas algumas soluções para tratar esse problema, todavia, evidentemente, não é nenhum método rápido e fácil, mas sim desafiador e sugestivo aos educadores. Essas dicas serão disponibilizadas nos próximos textos, fiquem de olho!

Filme: Somos Todos Diferentes


Vídeo: Garoto hiperativo


Vídeo: Sinais


Vídeo: Reportagem sobre o tema


Vídeo: Dicas de como trabalhar com alunos indisciplinados



Vídeo: O que é indisciplina escolar?